Arquitetura e tecnologia estão caminhando lado a lado para proporcionar melhores processos construtivos sem perder de vista a criatividade.
Enquanto a arquitetura vem se aproveitando das facilidades possibilitadas pelos avanços tecnológicos, ainda pode olhar o passado para inspirar o design. Essa é uma tendência cada vez mais presente nas Cidades Inteligentes que fazem uso de tecnologias e arquitetura de data center dentro do conceito de Construção 4.0.
Neste cenário, quando se fala de tecnologia na arquitetura e urbanismo, o Building Information Modeling aparece como um grande protagonista na digitalização da indústria construtiva, que até esse momento tinha sido a menos amigável aos avanços tecnológicos entre todos os grandes setores.
No entanto, essa cena está mudando com a chegada do BIM na indústria construtiva do mundo inteiro. Leia mais neste post.
Como o BIM une arquitetura e tecnologia?
A arquitetura vem se utilizando cada vez mais da tecnologia, fazendo uso do design computacional, trabalhando com aplicativos e algoritmos, experimentando uma adaptabilidade maior nos processos proporcionados por novos softwares e fazendo uso de impressão 3D, realidade aumentada e robótica.
Essa inovação que tem sido vista no setor AECO também é fruto da adoção cada vez maior do BIM pelos arquitetos do mundo inteiro.
Mas o que é BIM?
Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção é uma metodologia de trabalho colaborativa que apresenta um processo inteligente baseado em um modelo 3D, carregado com um banco de dados com informações sobre todos os seus elementos constituintes. A metodologia é uma das protagonistas da Construção 4.0, que é um termo que define um novo momento marcado pela Inteligência Artificial, Internet das Coisas e análise Big Data no setor.
A plataforma BIM, amparada em 3 pilares (pessoas, processos e tecnologia), fornece aos profissionais da arquitetura, engenharia e construção, design aprimorado, informações precisas e ferramentas para planejar, projetar, construir e gerenciar com mais eficiência a edificação desde os mais simples aos mais complexos prédios residenciais, comerciais, instalações e obras de infraestrutura.
Com o BIM, profissionais do setor ganham visualização em 3D do que está sendo projetado, identificação de interferências, extração automatizada de quantitativos, geração de documentos consistentes e confiáveis, análises de desempenho em várias vertentes da edificação, rastreamento e controle de componentes, etc.
Gêmeos digitais e precisão
Com as ferramentas de arquitetura e tecnologia da informação do BIM, é possível estabelecer muito mais inovação para o setor.
A armazenagem de dados em nuvem oferece que os arquitetos e todos os profissionais envolvidos em um projeto construtivo façam suas alterações diretamente no modelo único de qualquer lugar, dando acesso a todos os stakeholders, melhorando a comunicação e a colaboração.
O BIM também permite a criação de gêmeos digitais, que são modelos semelhantes às construções físicas e possibilitam a realização de simulações, verdadeiros ensaios virtuais que podem antecipar todas as etapas e resultados do setor construtivo, da concepção à conclusão da obra.
A metodologia, amparada por diversos softwares, desenvolvidos para cada etapa do projeto construtivo, permite uma precisão sem precedentes no setor, que pode ser combinada com as soluções de captura da realidade, garantindo um controle muito maior e previsibilidade até nos processos de pré-fabricação e montagem.
Com o BIM, além de permitir uso em projetos de alta complexidade, os profissionais ganham transparência, conseguem aprimorar detalhes e fazer economia de tempo e recursos.
Arquitetura e tecnologias de sistemas de informação
Os avanços de machine learning, Inteligência Artificial, sensores e tecnologia digital estão envolvendo fortemente a indústria da construção no momento atual.
Na arquitetura e suas tecnologias em BIM também é possível fazer um uso complementar de outras inovações tecnológicas, como os laser scanners, que permitem a captura da realidade em nuvem de pontos.
Esse avanço tecnológico tem permitido que os arquitetos tenham cada vez mais dados e análises para proporcionar um design eficiente e funcional, otimizando o desempenho das edificações.
Essas informações geradas pelos laser scanners podem ser lidas e trabalhadas pelos softwares BIM, para permitir modificações ou ampliações pertinentes ao projeto. Essa tecnologia também serve para o uso das simulações do BIM.
O BIM também poderá oferecer fluxo de realidade virtual mais integrados porque permite uso da realidade aumentada nos processos construtivos e realidade aumentada. Com esse recurso, profissionais e clientes podem percorrer as obras ainda na fase virtual.
Com os aplicativos dessa inovação, os usuários podem sobrepor planos de construção e materiais de um modelo 3D BIM.
Robótica é nova possibilidade da arquitetura e tecnologia
Segundo um estudo da Midwest Economic Policy Institute, uma organização que utiliza técnicas de pesquisa para avaliar as condições de trabalho, condições fiscais e mudanças nas políticas, até 2,7 milhões de posições da construção poderão ser substituídas por máquinas até 2057 nos Estados Unidos.
Segundo o relatório, 49% de todos os trabalhos da construção poderão ser automatizados.
Mas essa tendência já pode ser constatada em muitos países ao redor do mundo, onde, além do uso de drones que é integrado com os recursos do BIM, a robótica também já vem sendo utilizada em diversos processos construtivos, para gerenciar tarefas perigosas ou fáceis.
Entre os exemplos, podem ser citados China, Estados Unidos e Reino Unido, que se utilizam de recursos nos quais robôs e humanos trabalham juntos.
Nos EUA, um dos exemplos, é a construção de um espaço urbano, que se caracteriza como uma espécie de cidade inteligente, construída dentro de Las Vegas. Neste projeto, os drones ajudaram os trabalhadores atuando em partes perigosas ou difíceis de alcançar.
Já em 2018, a empresa chinesa Archi-Union Architects utilizou métodos de projeto e construção assistidos por robôs para um centro de conferências em Xangai, o Venue B.
Com os recursos da robótica, a empresa concluiu a grandiosa obra em 100 dias. Porém, a empresa já tinha utilizado essa inovação na construção de uma complexa galeria Chi She, também em Xangai.
Mas há diversos outros casos de construção rápida baseada na tecnologia e uso de robótica na China, como o pavilhão de madeira In Bamboo, em Daoming, na província de Sichuan.
Segundo um relatório, o uso de robôs na construção chinesa vai apresentar uma taxa de crescimento anual de 16,8% entre 2018 e 2023.
Já no Reino Unido, a multinacional de infraestrutura Balfour Beatty é outro dos inúmeros exemplos de empresas que estão utilizando a robótica na construção. A organização publicou um documento sobre inovação, onde já definiu o trabalho de robôs para a construção de estruturas complexas.
Considerações
A indústria da construção 4.0 está atingindo mais e mais países, que não podem mais abrir mão de arquitetura e tecnologia trabalhando de forma integrada. No Brasil, com um uso cada vez maior do BIM, essas inovações tendem a chegar rapidamente ao setor construtivo.
Não se trata apenas de usar modernidades por um modismo, mas sim porque essas inovações trazem melhores resultados para o setor, inclusive, podem garantir mais produtividade e rentabilidade que, afinal, não fazem mal a ninguém.