BIM e sustentabilidade se encontram frente a frente, e o melhor é que podem ser considerados grandes aliados. Esse é mais um benefício da metodologia: processos que geram menor impacto ambiental.
Esse aspecto é de suma importância no setor construtivo, já que essa indústria é uma das que mais causam impacto ao meio ambiente.
Construção civil gera alto impacto ambiental
Os impactos que a construção civil causa no planeta são inúmeros, da abertura de áreas verdes para dar espaço às edificações aos processos de fabricação de materiais, além do consumo imenso de água e energia nos canteiros de obras.
Além disso, também há outros impactos que muitas vezes não são contabilizados, como a geração de ruídos e poeira, mais tráfego de caminhões e até poluição visual.
Somados aos grandes desperdícios que o setor sempre acumulou, todo esse cenário leva a números bastante preocupantes:
- Construções consomem de 50% a 75% dos recursos naturais do planeta;
- O setor também é responsável por 30% a 40% das emissões de gases como o CO2;
- 40% da energia mundial é consumida pelas edificações.
Além disso, um estudo sobre os ambientes construídos no Reino Unido descobriu que:
- 72% das emissões domésticas são resultado do aquecimento e fornecimento de água quente para um ambiente;
- 32% dos resíduos de aterro são originários da construção de demolição de edifícios;
- 45% do total de emissões de carbono do país são provenientes dos edifícios (27% dos residenciais e 18% dos comerciais);
- 13% dos produtos dos canteiros de obras vão diretamente para aterros sem qualquer uso.
No entanto, é indiscutível a imensa importância da indústria da construção civil na roda da economia de uma sociedade moderna. É fundamental para o desenvolvimento econômico de um lugar.
Por meio do setor construtivo, cidades se modernizam com obras de infraestrutura, projetam e constroem moradias e edifícios ligados aos serviços públicos, que possibilitam mais qualidade de vida à população.
Por isso, pensar em obras mais sustentáveis tem sido um cuidado cada vez maior. Neste ponto, BIM e sustentabilidade se casam, embora a questão ambiental não seja o principal objetivo da plataforma, acaba sendo uma consequência natural entre seus benefícios porque permite edificações com uma melhor eficiência energética.
Em Cidades Inteligentes, que também tem o tópico sustentabilidade entre suas prioridades, o BIM tem sido a metodologia padrão porque permite um processo de maior digitalização do setor, gerando melhores resultados.
É mais do que certo que o uso da metodologia caminha ao encontro de uma consciência ambiental mais ampliada, ajudando a utilizar energia de forma mais econômica para gerar menos desperdícios, assim como reaproveitar recursos sempre que possível.
BIM traz processos rápidos, econômicos e seguros
Mas o que é BIM?
É uma metodologia colaborativa, baseada em geometria 3D, com banco de dados incorporado ao modelo, elaborada a partir de processos que unem todas as disciplinas envolvidas na construção civil, gerando um fluxo de trabalho mais organizado e eficiente.
O processo altamente colaborativo também auxilia o cuidado com o meio ambiente de várias maneiras, porque com o BIM possibilita os projetos são realizados de forma mais rápida, com mais segurança e menos desperdícios, porque gera quantitativos precisos, que vai eliminar pedidos em excesso, além de permitir o cálculo confiável do tempo que uma obra deve durar e equipamentos que vai necessitar. As recomendações operacionais e cronogramas podem ser mais conscientes do ponto de vista ambiental.
Por isso, acaba também sendo um processo mais econômico e sustentável, tanto do aspecto financeiro como no ambiental.
Com o BIM, é possível transformar o modus operandi do setor construtivo a partir de novas soluções para ajudar a preservar o meio ambiente.
Planejamento
Os novos procedimentos podem ser preparados a partir da fase do planejamento em BIM, quando os projetistas já devem estar cientes das energias renováveis, perdas de calor, ventilação cruzada e outros pontos que vão ajudar na sustentabilidade ambiental do projeto.
Design
A fase da elaboração do projeto arquitetônico em BIM, é outro momento que é possível elaborar um modelo que esteja adequado às demandas de energia e limitação de consumo.
A visualização do projeto 3D no BIM também permite a comparação de alternativas, para avaliar os impactos ambientais do projeto e buscar as melhores soluções.
Além disso, os processos colaborativos também contribuem para que o projeto seja o mais sustentável possível.
Todos os envolvidos podem acessar os materiais e produtos propostos no projeto arquitetônico, bem como a forma de instalação e até expectativas de desempenho quando a obra for concluída.
Construção
Na fase da construção, o olhar para a sustentabilidade continua, especialmente com o benefício da metodologia de possibilitar a diminuição do tempo da obra e dos dias de atraso.
Com o BIM, também é possível monitorar os desperdícios com mais facilidade, o que permite a redução da geração de resíduos nos canteiros de obra.
Além disso, o consumo de combustível e níveis de ruído também podem ser minimizados.
Operações
Um projeto realizado com o BIM também permite um desempenho muito melhor após a conclusão da obra, porque gera muito mais economia com a manutenção predial.
Com o BIM, é possível um melhor entendimento das normas técnicas do edifício, além dos componentes em si, como estruturas, sistemas (combate à incêndio, hidráulico e elétrico), ventilação e equipamentos como ventiladores, bombas, etc.
Alguns aspectos que podem ser trabalhados com o BIM:
Água e energia
A partir de um grande detalhamento no projeto, é possível saber a quantidade exata de energia e água que uma edificação vai consumir. Esses dados vão gerar mais eficiência no consumo desses recursos, que sempre demandam alto custo nas construções.
Materiais
Com os recursos do BIM também é possível reduzir a quantidade de resíduos de uma construção a partir de quantitativos exatos, que vão apresentar a quantidade certa para que a construção corra de forma eficiente.
Essa exatidão em quantitativos permite menos entregas e remoção de resíduos do local, por consequência, há menos combustível associado, emissões de carbono e até mesmo poluição sonora.
Análises permitem melhor uso
O BIM permite análises que vão apontar para o uso de materiais que podem gerar menores emissões de gases, especialmente com os princípios da Lean Construction.
Para isso, a metodologia tem ferramentas que permitem a medição e comparação do carbono incorporado aos materiais, é o BIM e sustentabilidade atuando junto mais uma vez.
Conclusão
Fica cada vez mais claro para todos os envolvidos no setor que o BIM a metodologia permite economia de tempo e dinheiro em cada fase e, em breve, até mesmo a sociedade civil vai perceber que os projetos realizados com a metodologia também ajudam a reduzir os danos ao meio ambiente.
BIM e sustentabilidade caminham juntos. Toda essa metodologia vai possibilitar que a obra tenha mais qualidade, melhorando o seu desempenho e durabilidade, mas também com um olhar mais cuidadoso para a natureza.