Nas Cidades Inteligentes, um urbanismo eficiente prevê a busca de soluções para a mobilidade da população. Dentro desse quesito, algumas soluções já apontadas em diversos estudos anteriores podem ter sido aceleradas com a necessidade do isolamento social e proteção à saúde evidenciada com a pandemia.
Nesse post, veja que a forma como as pessoas se movem dentro do espaço urbano pode ter sofrido um impacto sem volta.
Estudo revela expectativas da população para mobilidade
Em 2019, o grupo Kantar, do Reino Unido, que agrega a Divisão de Pesquisa de Mercado, Insights e Consultoria da WPP, realizou um estudo denominado Mobility Futures, para avaliar as tendências e anseios da população no que se refere à mobilidade até 2030.
Foram entrevistadas mais de 20 mil pessoas, em 31 países do mundo. A cidade de São Paulo foi a única brasileira presente no estudo.
Na edição 2020 do Ranking Connected Smart Cities 2020, São Paulo está em primeiro lugar entre as capitais no quesito Cidade Inteligente. São 70 indicadores avaliados em cada cidade para definir um município como inteligente, a mobilidade está entre eles.
São Paulo se destacou no ranking justamente pelo quesito mobilidade e acessibilidade, devido aos vários meios de locomoção que podem ser encontrados na capital paulista. Porém, os resultados do estudo Mobility Futures mostram que mesmo a cidade considerada a mais desenvolvida do país tem muito a melhorar dentro desse setor.
Na divulgação do estudo no ano passado, no ranking geral da mobilidade urbana, São Paulo ficou em penúltimo lugar entre as 31 cidades.
Além da facilidade de ir e vir, de acordo com o transporte escolhido para se mover dentro da cidade, também foi avaliado o índice de felicidade dos usuários de acordo com o transporte escolhido, seja público ou veículos próprios. Neste item, a capital paulista também ficou com um posicionamento pouco honroso: 28o. lugar. Quem usa transporte público considera o sistema precário, superlotado, com atrasos e mal conectado. Já quem dirige, odeia o trânsito da cidade e o tempo que faz perder.
Para a previsão para os próximos 10 anos, foi revelado que:
- 40% das pessoas estão abertas a novas soluções de mobilidade;
- 25% gostariam de usar um meio de transporte diferente.
A expectativa é que a cidade de São Paulo, por exemplo, tenha opções mais seguras, rápidas, confortáveis, confiáveis, acessíveis e ecológicas.
No estudo também foi apontado que 2030 seria o ponto dessa virada, quando o item sustentabilidade fosse o mais relevante dentro do tema mobilidade urbana, colocando as opções como as bicicletas e caminhada como a opção de boa parte das pessoas para ir ao trabalho ou passear.
O estudo apontou, naquele período, que 10% das pessoas iriam mudar o comportamento até 2030 e partir para opções mais sustentáveis. Em números absolutos, representa 37 milhões de pessoas no mundo.
Então, veio a pandemia e o comportamento mudou…
Quando a pandemia foi decretada em março deste ano, quando as pessoas foram estimuladas a ficar mais em casa para evitar contágios, o comportamento em relação à mobilidade também mudou. Então, a Kantar fez um novo estudo “Barômetro Covid-19”.
No estudo foi revelado que, com muitas pessoas adotando home office, as pessoas começaram a usar menos transporte público e até mesmo serviços de táxis e aplicativos de mobilidade, como o Uber.
O estudo mostrou também que as pessoas passaram a consumir de um jeito diferente, escolhendo lojas físicas com pouca gente (60,2%) e locais próximos de casa (59,6%).
Durante a pandemia, cresceu o uso das bicicletas, que teve aumento de 50% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. No estudo Mobility Future de 2019, já tinha sido previsto um crescimento de 47% das bikes até 2030.
O uso da bicicleta também foi apontado pela Organização Mundial da Saúde como o melhor para manter o isolamento e também para manter uma rotina de atividades físicas. Além disso, no quesito felicidade com o transporte utilizado, a bicicleta também atinge bons índices.
Enquanto, por outro lado, durante a pandemia, também houve desaceleração da compra de carros novos.
Embora, com a flexibilização do isolamento social, o uso do transporte público, dos táxis e aplicativos de mobilidade tenha aumentado novamente, a pandemia deixou uma oportunidade de reflexão para governos, empresas e parcerias.
Qual é o futuro da mobilidade pós pandemia?
Segundo o estudo da Kantar, fica claro que os setores público e privado precisam pensar em novas tecnologias para melhorar a mobilidade, bem como reavaliar a estrutura das cidades para tornar a locomoção mais fácil e também prazerosa.
Considerando que o Mobility Future já deixa o índice que 40% das pessoas estão abertas a novas soluções, esse momento pode ser decisivo no planejamento urbano das cidades no futuro.
Cidades Inteligentes são definidas como aquelas que utilizam as tecnologias de informação e comunicação para compartilhar informações com o público em geral e melhorar a eficiência operacional, bem como a qualidade de vida geral da população.
Depois da pandemia, não é possível mais pensar em uma volta ao normal no urbanismo. Não há mais normal, é um novo normal. É um grande processo de reflexão que precisa ser realizado para o transporte, para as áreas públicas e para todos os serviços.
Além do uso cada vez mais assíduo da IoT (Internet of Things), que é característica de uma Cidade Inteligente, os municípios podem otimizar as soluções para o desenvolvimento econômico e social.
O investimento em tecnologia deve ser também cada vez mais estimulado, ou seja, um maior acesso à internet para todos, até mesmo para pensar que a tendência do home office veio para ficar.
Mais sustentabilidade
As Cidades Inteligentes precisam caminhar lado a lado com a sustentabilidade, pensando em uma frota de carros híbridos, pontos de abastecimento para carros elétricos, aumento da disponibilidade de ciclovias na cidade (uso também de scooters), melhor oferta do serviço de transporte público, etc.
Outra tendência apontada no estudo, que foi a queda na compra de carros novos durante a pandemia, assim como um incentivo do compartilhamento de veículos também podem contribuir com a qualidade do ar e do trânsito.
Para melhorar a qualidade de vida da população e da consciência ecológica, também é necessário o aumento de áreas verdes adequadas aos pedestres para que as pessoas possam se exercitar próximo de casa, para evitar usos de veículos, etc.
Uma cidade que já nasceu inteligente é Barcelona, com suas superquadras de área verde pioneiras, é uma grande inspiração para outras cidades do mundo que também querem o título de smart cities.
A pandemia deixou muitas lições para as Cidades Inteligentes e o Urbanismo. Com o devido uso das várias ideias que nasceram por necessidade, os governos podem sim pensar em ideias que vão, com certeza, melhorar a qualidade de vida da população.