Com a crescente digitalização de todos os setores, uma benéfica tecnologia também alcança o urbanismo: o CIM (City Information Modeling).
Essa Modelagem da Informação da Cidade promete revolucionar todo o processo de planejamento urbano, trazendo muito mais facilidades para os habitantes e integração do trabalho de agentes públicos.
O que é urbanismo?
Do ponto de vista técnico, urbanismo é uma disciplina que visa estudar, regular, controlar e planejar a cidade para dar melhores condições de vida aos seus habitantes. Porém, é muito mais do que apenas organizar a paisagem urbana com elementos como ruas, calçadas, edifícios, fachadas, parques ou paisagismo.
Essa disciplina também prevê uma íntima relação entre as pessoas e seus espaços urbanos que são “construídos” com muito mais do que pedras, fios, tubulações e concreto, mas também com seus contextos, narrativas e histórias.
Por isso, não estão incorretas algumas explicações que definem o urbanismo como uma arte de edificar uma cidade. Edificação também é mais do que o ato de construir algo físico, pode ser também considerado como uma maneira de falar de aperfeiçoamento.
O urbanismo lida constantemente com contingentes populacionais crescentes e a transformação das cidades a partir de seus processos de desenvolvimento. É um desafio para seus gestores. Uma cidade que trabalha bem o seu urbanismo é aquela que tem a capacidade de fazer adaptações diante das mudanças tecnológicas e sociais que atingem a sua zona urbana.
A tecnologia, sem dúvida, pode ser uma grande aliada para que o urbanismo de uma cidade seja exemplar. É nesse ponto que entra o CIM, que trabalha com um conceito semelhante ao BIM (Building Information Modeling), que está relacionado com as construções.
O CIM pode ser considerado um BIM em grande escala, porque enquanto o segundo vai trabalhar na escala das edificações (como plantas de andares, elevações de construção, plantas do local, elementos diversos, etc), o primeiro vai realizar o mesmo processo, só que na escala de uma cidade inteira (edificações, via urbana, rede elétrica e hidráulica, etc).
A composição do GIS+BIM
Dentro da arquitetura e urbanismo, e também da engenharia civil, a missão dos profissionais é resolver questões para a melhoria das populações. Para ajudá-los nessa tarefa, os novos recursos tecnológicos vão proporcionar um grande ganho de aperfeiçoamento.
Para a arquitetura, um grande avanço foi a criação do programa de desenhos em computador AutoCAD, criado nos anos 1970, que permitiu a automatização na elaboração dos desenhos, o que possibilitou a geração de projetos arquitetônicos de forma mais rápida.
Porém, tanto para o urbanismo, arquitetura e engenharia civil, o conhecimento dos dados geográficos de uma cidade também fazem toda diferença para produzir melhorias. Para obtenção desses dados geoespaciais um importante tecnologia é o GIS (Geographic Information Systems)-SIG (Sistema de Informação Geográfica), que concentra todas as informações geográficas de uma cidade, como tipologia de terreno, informações sobre usuários, código de obras, etc.
O GIS também começou com a obtenção de dados em 2D, para reunir desenhos de uma cidade por meio de plantas em linhas. Com o surgimento do BIM, que reúne modelos tridimensionais carregados de um banco de dados, ou seja, carregado de informações sobre seus elementos, o GIS também evoluiu para o 3D. Embora muitas cidades ainda tenham essas malhas urbanas coletadas em 2D, cresce o número de municípios que já percebem a necessidade da evolução de disponibilizar esses dados em 3D para processos mais colaborativos, inteligentes e eficientes para o seu urbanismo.
BIM + GIS= CIM
É possível dizer que o CIM nasce a partir da soma do BIM + GIS, que vai permitir informações com modelos inteligentes em 3D, tanto para edificações como terrenos, permitindo um melhor gerenciamento de toda a rede urbana, como:
- Gerenciamento eficiente de recursos naturais;
- Planejamento de rotas;
- Gestão do transporte público;
- Processamento de todos os dados pertinentes a uma localidade, inclusive para questões de segurança, etc.
No nosso país, esse sistema promete gerar muito mais organização em setores que são nevrálgicos. Só para citar um exemplo: todo mundo sabe que a mobilidade urbana no Brasil não é das melhores. Com o City Information Modeling, esse setor poderia produzir resultados muito melhores.
Com o CIM, o urbanismo de uma cidade pode, de fato, proporcionar um real apoio às suas populações, porque traz uma visão muito mais ampla para que as prefeituras e secretarias de governo integrem o trabalho de todos os seus agentes públicos.
Várias cidades que já adotaram um conceito como o CIM são exemplos grandes de benefícios na área econômica, social e ambiental, com planejamento urbano muito mais aprimorado, como Montreal (Canadá) e Helsinki (Finlândia), Copenhague (Dinamarca), Hong Kong (China) e Singapura.
Além da visualização em 3D e a geração de banco de dados, o CIM permite a elaboração de simulações que vão ajudar a controlar e gerenciar melhor a cidade.
Por exemplo, em localidades que são propensas a certos fenômenos naturais, o CIM pode trazer muitas soluções inteligentes e preventivas.
Para os governos que trabalham com a plataforma, é possível fazer essa simulação de acidentes naturais em seus modelos tridimensionais. Esse processo vai ajudar a entender quais medidas devem ser tomadas no caso de uma tragédia natural ocorrer realmente com a sua população, como um caso de enchentes.
As simulações permitidas pelo CIM podem proporcionar inúmeras soluções para os setores diversos.
Esse sistema que coleta dados diariamente no ambiente urbano também possibilita a checagem de parâmetros estáticos e dinâmicos que podem ser usados na manutenção e operação de uma cidade como um todo. Só para exemplificar, pode facilitar na checagem das condições de vias públicas, tubulações, condições de bueiros, sistemas elétricos, etc.
CIM no urbanismo das Cidades Inteligentes
O CIM é intimamente ligado ao conceito de Cidades Inteligentes, que utilizam as tecnologias de informação e comunicação para compartilhar informações com o público e gerar mais eficiência operacional e qualidade de vida para a população.
Uma Cidade Inteligente permite um Centro de Comando Integrado para a tomada de decisões muito mais rápidas e eficientes. Em uma Smart City, a gestão pública ganha base para uma organização mais aprimorada de todos os setores da cidade:
- Gera uma melhor mobilidade urbana com controle de tráfego;
- Garante mais saúde à população com o cuidado com a qualidade do ar, gerenciando as emissões de gases;
- Proporciona uma melhor qualidade e distribuição de água;
- Cuida da segurança dos habitantes com um sistema inteligente de câmeras e iluminação pública eficiente;
- Melhora a limpeza com lixeiras e bueiros inteligentes;
- Faz melhor gestão de agentes de campo, etc
Como se percebe, todas essas ações só podem ser efetivadas a partir de um sistema para o urbanismo como o CIM.
Para isso, as cidades precisam atuar com a IOT (Internet das Coisas), com smartphones conectados, que permitem um levantamento cadastral em larga escala para atualizar todas as informações e resolver os problemas urbanos de sua população.
O que é preciso para atuar com o CIM?
Para que os governos melhorarem os dados do seu urbanismo, em primeiro lugar é preciso fazer uma atualização das informações coletadas em 2D e alçá-las para o 3D, que vai garantir uma visualização muito mais precisa de seus dados.
Mas não basta apenas garantir modelos tridimensionais, as informações agregadas aos seus elementos são essenciais. Por isso, a adoção do CIM passa a ser essencial.
Há diversas formas de atualizar esses dados para integração ao CIM, como drones, scanners a laser ou scanners de solo. É preciso gerar informações da parte superior e da inferior da cidade (infraestrutura, como, mapear todas as tubulações, etc).
Mas não se pode esquecer que a IoT, uso de BIG DATA e um sistema de conexão apropriado (5G) também são passos que devem caminhar junto com as melhorias de uma cidade inteligente.
É mais do que certo que o CIM vai gerar inúmeros benefícios para o urbanismo de uma cidade, inclusive, evitando desperdício de dinheiro público, porque elimina conflitos de agentes públicos e também ajuda no exercício do bem comum.