Pessoal,
aconteceu ontem, na sede do IAB/Rio de Janeiro uma reunião para discussão do uso do BIM nos escritórios de projetos
O Grupo NITCON, da UFF (Universidade Federal Fluminense) fez uma pesquisa em alguns escritórios de projetos no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Paraná para retirar dados importantes sobre a implantação do BIM.
A pesquisa partiu dos estudos de Lívia Laubmeyer A. de Souza (Mestranda em Engenharia Civil – UFF) coordenada pelo professor Sergio R. Leusin de Amorim, Dsc (Coordenador do grupo de pesquisa Nitcon)
O principal objetivo foi promover uma discussão sobre o tema, permitindo a troca de experiências entre aqueles que estão utilizando softwares BIM (Revit, Archicad, VectorWorks, etc.). Também foi abordada a necessidade de adaptação da tecnologia, através da criação de gabaritos de projetos adequados à realidade brasileira.
Participaram dessa reunião vários escritórios importantes do Rio de Janeiro, como por exemplo, Indio da Costa Arquitetura, Sergio Gattas Arquitetura, NitArq Arquitetura, Construtora Santa Cecília, entre outros. Além disso, tivemos a presença especial do Arquiteto Contier, de São Paulo, que é o pioneiro na utilização do revit em escritório no Brasil, falando das suas experiências.
Depois de passado os dados das pesquisas, comentando sobre porcentagens relativas ao uso, ao rendimento, a produtividade, aos fatores que ainda não fizeram o escritório migrar, etc, foi começada uma conversa sobre o assunto.
Em determinado momento, percebi que todos os comentários, críticas e desejos eram relacionados ao revit. Daí, perguntei se o foco da discussão era apenas o Revit ou era sobre o BIM, pois só se falava no mesmo. Foi onde fora apresentada uma arquiteta que está começando no Archicad. Os comentários dela foram apenas direcionados a criaçao de um padrao geral e ao nao uso de arquivos DWG em licitações, devido a manutenção de direitos autoriais.
Sobre esse assunto, coloco minha crítica aos escritórios que aceitam tal situaçao e baixam a cabeça aos seus clientes onde entregam seu maior bem, o direito autoral do projeto. Ao entregar um arquivo editavel, como o DWG, perdesse o coringa que temos para que o projeto continue sendo feito apenas por nós. Existem casos e casos, mas sabemos que existem clientes picaretas que pegam esses arquivos e passam para terceiros, dispensando nossos serviços e dando continuidade com outros profissionais.
É pura baboseira dizer que nao podemos trafegar o projeto, com segurança, entre escritórios, principalmente entre os escritórios complementares, sem que haja envio de arquivos DWG.
A Autodesk possui o arquivo DWF exatamente para isso. Semelhante a um arquivo PDF, porém, mais leve, seguro e tendo também um visualizador gratuito, o Autodesk Design Review, baixado diretamente do site da Autodesk.
Hoje, tanto o Autocad como o Revit podem receber markups provenientes do Autodesk Design Review e ter esses arquivos trabalhando como background, sem perda de informaçao.
E para ampliar seu uso, para os arquitetos, é um meio eficaz de passar o projeto para os projetistas complementares (estrutura e instalaçoes) sem que esses tenham acesso ao arquivo para fazer alteraçoes na arquitetura.
O não uso dessa tecnologia pode ser apenas por ignorância do escritório ou do profissional, pois a tencologia existe desde a versão R14.
Outro assuntos abordados foram sobre o não salvamento entre versões do revit, criando um problema de intercâmbio entre versões de escritórios diferentes (concordo com os profissionais). E também sobre perdas de informaçoes quando exportados em IFC, visto que essa extensão permite migrar o projeto com seus dados para outros softwares BIM e até mesmo entre versões no Revit. O comentário nesse caso, é de ser semelhante a um tradutor automático, onde existe a traduçao, mas a mesma não sai perfeita.
Alguns comentários que percebi foram pertinentes a falta de experiência e de costume com o software, onde questionaram sobre sua condição de apresentaçao gráfica. Dominando o mesmo, existe condiçoes de personalizar toda a representaçao.
Também foram feitos alguns comentários sobre performance do software, onde questionei que os escritórios não estao colocando em prática todo o processo de implantaçao e estao tentando comer fases. Com isso, o rendimento fica comprometido e querem o mesmo resultado prometido quando compraram o software. Em seguida, me questionaram quais eram essas fases de implantaçao e eu respondi que se separam em 4 fases:
– treinamento basico, para os profissionais entenderem a lógica do produto
– definiçao de nomenclaturas de materiais, familias, criaçao de um template
– treinamento avançado, com aprendizado de parametrizaçao e trabalho em equipe
– projeto piloto, onde sugiro separar uma pequena equipe para coemçar o trabalho.
Comentei também sobre a existencia de empresas que estao desenvolvendo essas fases com a implantaçao da plataforma através dos três softwares, de arquitetura, de estrutura e de instalaçoes. Esse comentário foi colocado devido a critica de um escritório em dizer que nao existem ninguem no Brasil que esteja fazendo isso.
Foi perguntado o nome dessa empresa e eu disse que era sigiloso, pois a empresa nao quer demonstrar aos concorrentes que está usando a tecnologia, por enquanto. A partir daí, percebi alguns risos por parte dos apresentadores. logo entendi que perceberam que os dados apresentados podem estar errados, devido a escritórios nao informarem isso a eles por motivos de competiçao comercial.
resumindo, a reuniao foi bastante interessante e terá frutos para discussão. Os escritórios trocaram experiências e será criado um local centralizador dessas discussões. Foi sugerido o meu blog para isso. Mas ficará a critério dos organizadores da discussão.
Em paralelo, pretendo abrir uma discussão sobre o assunto de padronizaçao e criação de um template (arquivo RTE) com padroes brasileiros, além de criar encontros de usuários de Revit pelo Brasil, replicando a experiência dessa reuniao em outras cidades.
Até breve.