Diversas dúvidas e erros de implementação BIM podem ser gerados na migração de um fluxo de trabalho no CAD para o Building Information Modeling. Não é um processo simples, por isso, muitas organizações acabam desistindo e voltam ao sistema 2D.
Veja aqui quais são os principais desafios que as organizações terão ao fazer a implantação do BIM, mas que, por outro lado, trará benefícios incontestáveis para os resultados.
Por que implementar o BIM em uma empresa?
O BIM é uma metodologia que traz inovações tecnológicas em todos os setores de uma empresa da cadeia construtiva, seja para os escritórios de arquitetura, engenharia ou construtoras.
A metodologia já está promovendo uma verdadeira metamorfose na indústria construtiva em diversos países no mundo que a estão adotando. Várias nações já perceberam que os processos do setor precisam ser modernizados devido à crescente urbanização, que também tem dado espaço às cidades inteligentes. É isso que o BIM faz.
Essa metodologia traz muito mais do que realizar a criação de um modelo em 3D, por meio de um software. Mas, então, o que é BIM? Pela definição do criador do conceito, Chuck Eastman, BIM é uma tecnologia de modelagem associada a um conjunto de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de edificações. Está baseada nos pilares processos, tecnologia e pessoas.
Esses diversos processos vão atribuir informações precisas a esse modelo, que é único e inteligente, integrado entre todas as disciplinas, promovendo um trabalho colaborativo, com compartilhamento de dados, visualização aprimorada, simulação de cenários, precisão de orçamentos e cronograma e melhor garantia do desempenho da edificação.
Essa digitalização vai permitir, além de um fluxo de trabalho otimizado, diversos resultados que vão impactar positivamente, como maior produtividade, competitividade e controle de custos para as empresas e contratantes que adotam a metodologia.
Segundo informações do The Business Value of BIM in Global Markets, publicados na coletânea implementação do BIM para construtoras e incorporadoras do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) , empresas que adotaram o BIM atingiram os índices abaixo:
- Reduziram erros e omissões em 41%;
- Aumentaram a colaboração em 35%;
- Reduziram o custo da obra em 23%;
- Reduziram o retrabalho em 31%;
- Melhoraram a imagem da empresa em 32%.
Mudanças nas práticas para implementação BIM
A implantação do BIM é uma tarefa complexa porque não vai atingir apenas o uso do 3D no design, vai envolver todas as outras dimensões (4D, 5D, 6D, 7D, 8D), que são referentes ao planejamento, orçamentação, execução da obra, coordenação, gerenciamento e operações; segurança e prevenção de acidentes no campo de trabalho.
De acordo com a International BIM Report, em seu relatório de 2016, 83% a 97% dos usuários da metodologia em 5 países (Reino Unido, Japão, Dinamarca, República Tcheca e Canadá) relataram que a adoção do BIM exigiu mudanças nas práticas, procedimento e fluxos do projeto.
No quesito segurança, por exemplo, com a modelagem 8D, um software BIM, como os da ACCA, prevê estratégias para determinar os riscos do modelo único, promover sugestões de segurança, especialmente para os perfis de alto risco.
No entanto, como uma implantação e implementação do BIM mexe com toda a estrutura de uma organização, vai exigir treinamentos avançados, aquisição de softwares e hardwares e até mesmo ajustes na equipe.
Pode ser que no processo inicial de transição haja uma perda de produtividade porque os envolvidos ainda estarão se ambientando aos novos procedimentos. Por isso, é preciso tomar alguns cuidados para não perder a mão nessa transição.
Veja alguns erros comuns:
1 – BIM não deve ser visto como processo externo
Um erro comum que é cometido quando uma organização pensa em adotar o BIM é pressupor que esse processo pode ser realizado apenas por um agente externo, que vai apenas apresentar o modo de fazer.
Para implantar o BIM, é essencial que a metodologia seja enraizada em toda a estrutura, especialmente a direção da empresa, a começar dos treinamentos avançados. Por isso, a implantação do BIM que começa a partir das cadeias superiores de comando tendem a dar muito mais certo.
2 – Organização deve buscar mudança de mindset
Quando os sócios e gestores de uma empresa do setor construtivo tomam conhecimento e decidem optar por adotar o BIM, é um erro pensar que essa mudança está baseada apenas na compra de novos softwares ou hardwares.
É preciso promover uma verdadeira mudança na cultura da organização e no mindset de todos da empresa.
Não há mudança efetiva se a proposta não atingir as pessoas, que são os principais agentes dessa transformação. A tecnologia e os processos não vão atuar sozinhos na implementação BIM.
Por isso, os treinamentos avançados devem ser incorporados porque a metodologia inverte o fluxo de trabalho usual, traz colaboração, compartilhamento de informações e disciplinas integradas. É uma outra postura.
Adotar apenas treinamentos gratuitos e básicos não darão a verdadeira dimensão do que a metodologia vai exigir para a cultura da empresa.
3 – Empresas precisam realizar diagnóstico prévio
Outro erro comum na implantação é adotar o BIM sem fazer um diagnóstico do quadro atual da empresa.
É preciso reunir informações que forneçam um quadro completo sobre como a qualificação dos colaboradores, qual é a estrutura técnica atual, como são os processos e o nível de documentação e as boas práticas já consolidadas.
A partir dessa iniciativa, deve ser criado um plano estratégico para entender melhor quais serão os prazos para atingir o objetivo e mesmo os investimentos que devem ser realizados para essa mudança de metodologia.
4 – Definição de escopo de implantação
Outro erro grave e o que mais acontece, é o fato de a empresa ser convencida por uma empresa de softwares para a mudança do software atual (CAD) para um software BIM sem definir o escopo para implantação.
Não é possível definir os softwares assim, depende desse diagnóstico para tomada de decisão de qual ou quais os melhores softwares para a real necessidade.
5 – Planos de implantação do BIM são essenciais
Quando uma empresa pretende implementar o BIM em seus processos, é um erro não ter o cuidado de fazer a elaboração de um plano de implantação e implementação BIM.
Segundo abordado na coletânea implementação do BIM, esse plano vai funcionar praticamente como um roteiro a ser seguido e deve indicar as dimensões que serão observadas:
- Definição dos objetivos com do uso do BIM;
- Definição de processos e procedimentos;
- Infraestrutura de tecnologia;
- Qualificação e motivação dos envolvidos, bem como de suas responsabilidades e atribuições;
- Descrição de etapas;
- Documentação e arquivos;
- Consolidação e boas práticas.
6 – Resultados devem ser monitorados e mensurados
Para a implementação do BIM acontecer, de fato, é preciso monitorar e mensurar os resultados de todos os projetos. Muitas empresas cometem esse erro ao não acompanhar a adaptação para o novo método de trabalho.
É fundamental fazer o gerenciamento desse plano de implantação do BIM para entender os ajustes necessários dentro da organização.
Cada projeto será diferente, por isso,é preciso permitir a adaptação da metodologia aos novos cenários.
Conclusão
Quando a empresa cai nos erros citados acima e não adota os passos de fazer a implantação e implementação do BIM com mudança de mindset, elaboração de diagnóstico e plano BIM, poderá também cair em verdadeiras ciladas.
O resultado poderá ser gasto de tempo, dinheiro, perdas de trabalhos, oportunidades e até membros da equipe. Para empresas que também atuam na área pública, podem ocorrer perdas de licitações e o risco de serem engolidas pela concorrência.
Uma das maneiras de ajudar todos os envolvidos na integração interna de todos os novos procedimentos do BIM é trabalhar em um projeto-piloto de menor complexidade.
Mas é muito válido dizer que é preciso seguir firme na absorção desse novo mindset e procedimentos exigidos que ajudam a promover os números bastante relevantes citados acima, que já foram comprovados pelas empresas que adotaram a metodologia. Vale muito a pena.